Quarta-feira, 31 de Agosto de 2005
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Fernando Pessoa
(Poesias de Álvaro de Campos)
É ridiculo pensar assim, mas não deixa de ser verdade!
Terça-feira, 30 de Agosto de 2005
Segunda-feira, 29 de Agosto de 2005
Domingo, 28 de Agosto de 2005
Sábado, 27 de Agosto de 2005
Sexta-feira, 26 de Agosto de 2005
Quinta-feira, 25 de Agosto de 2005
Não pode Amor por mais que as falas mude
exprimir quanto pesa ou quanto mede.
Se acaso a comoção falar concede
é tão mesquinho o tom que o desilude.
Busca no rosto a cor que mais o ajude,
magoado parecer aos olhos pede,
pois quando a fala a tudo o mais excede
não pode ser Amor com tal virtude.
Também eu das palavras me arreiceio,
também sofro do mal sem saber onde
busque a expressão maior do meu anseio.
E acaso perde, o Amor que a fala esconde,
em verdade, em beleza, em doce enleio?
Olha bem os meus olhos, e responde.
*António Gedeão*
Quarta-feira, 24 de Agosto de 2005
Terça-feira, 23 de Agosto de 2005
Segunda-feira, 22 de Agosto de 2005